ÍTALO: SUA CHEGADA, DIAGNÓSTICOS / AUTISMO #1

O Ítalo sempre f\"\"oi muito desejado e já esperávamos por ele há mais ou menos 5 anos. A expectativa a cada mês era grande para saber se ele estava a caminho ou não, até que quando comecei a me dedicar a outros projetos ele chegou, e nossos corações se encheram de alegria com a notícia, a família toda vibrou.

Começamos o pré-natal e estava tudo seguindo como deveria até a 12ª semana de gestação, quando fizemos o exame da translucência nucal e o resultado foi “dentro do nível superior da normalidade”. Ficamos bastante preocupados, mas nossa obstetra disse que estava tudo bem e podia ser porque já tinha passado uns dias do limite para o exame, então, ficamos mais relaxados, mas eu como mãe sempre com certa preocupação. Alguns dias depois, tive um descolamento de placenta e precisei fazer repouso de trinta dias e uso de “inibina” por trinta dias. Tirando essas intercorrências, foi tudo tranquilo, não tive enjoos e apesar ter ganhado muito peso durante a gestação não tive diabetes ou problemas de pressão alta. Toda consulta era uma bronca, pois ganhei 25 kg na gravidez.

Na madrugada do dia 31 de janeiro de 2009, comecei a sentir algumas contrações. Liguei para minha médica, que me instruiu a tomar um buscopan e esperar uma hora, caso continuasse iríamos para a maternidade. E, assim foi. A dor continuou e fomos para o hospital, ela me examinou, auscultou o coração do meu príncipe, disse que estava tudo bem, mas como eu já estava com 37 semanas e 5 dias e já tínhamos optado por uma cesariana, ela disse que achava que meu príncipe estava querendo vir ao mundo. Não tive dilatação, não estourou a bolsa e às 09h06min veio ao mundo meu primeiro amor.

Assim que nasceu, já escutei seu choro, era forte! Meu coração ficou cheio de alegria, pois se\"\" ele tinha chorado forte ele estava bem, mas não, comecei a sentir medo, pois a pediatra o pegou e não o trouxe para os meus braços. A obstetra, muito querida, conversava comigo dizendo que estava bem, tinha ido pesar, minha cunhada que entrou no centro cirúrgico comigo também disse que estava tudo bem, mas eu já sentia medo. Ele demorou a vir para os meus braços e ficou muito pouco perto de mim, ele aspirou mecônio, precisou fazer lavagem e, por isso, precisava ir para a UTI Neo Natal.  O medo aumentou, a insegurança também, era o meu bebê que estava indo para longe de mim pela primeira vez, mas queríamos o melhor para ele, com certeza. No hospital que tive o Ítalo, não tinha UTI Neo, precisaram encaminhá-lo para outro hospital na mesma cidade, mas eu não veria ele por 3 dias, até o momento da minha alta hospitalar. Era angustiante, não sabíamos o que fazer, meu marido, sempre ao meu lado, ia a todas as visitas na UTI, conversava com ele, fazia gravações e trazia para eu ver. Ele precisou ficar internado por 12 dias tomando antibióticos e usava uma capelinha para o  oxigênio. No momento da minha alta, fomos direto visita-lo e ele estava lindo. Era o maior bebê da Neo, lindo e forte, passou por muitas coisas já nos primeiros momentos de vida, tinha muito cabelo e precisaram raspar para tentar pegar uma veia. Teve icterícia, teve hipoglicemia, descobrimos um sopro no coraçãozinho, mas era somente para fazer acompanhamento. Doze dias depois, fomos levar nosso príncipe para conhecer nossa casa.

A amamentação foi bem difícil. Ele não pegava bem, eu tentava complemento já na \"\"mamadeira, pois ele já estava assim na UTI, conseguimos seguir amamentando no
peito até os 2 meses e meio, eu não tinha leite e o Ítalo não tinha força para sugar. Trocamos várias vezes o tipo do leite, ele mamava sempre bem menos que o ideal para sua idade, ganhava pouco peso, mais ou menos 300 a 500 gramas. Os meses foram passando, eu levei ele logo depois da alta médica no pediatra e neuropediatra, o neuro achava que ele tinha algumas características craniofaciais de uma possível síndrome. Fizemos cariótipo e deu tudo normal, ele fez hidroterapia e fisioterapia com 7 meses para ajudar a fortalecer o tronco, conseguiu sentar sozinho aos sete meses, engatinhar aos 11 meses e andou sozinho com 1 ano e 4 meses. Eu sempre senti e sempre procurei especialistas, muitas pessoas achavam e diziam que eu estava procurando doença onde não existia, que cada criança tem seu tempo, mas não desistimos. Levamos em geneticistas, outros neuropediatras, fizemos muitos exames, sempre procurando um porquê de certos atrasos. Quando o Ítalo tinha 1 ano e 9 meses, descobri que estava grávida, foi um baque grande, não tínhamos planos, foi uma troca de anticoncepcional e aconteceu. Chorei, tive medo, a situação financeira não era boa, mas eu tinha que ser forte, era mais uma vida chegando para eu cuidar e amar. A segunda gestação foi bem tranquila e pude seguir com nossa busca por um diagnóstico. Até os 2 anos de idade, nunca tinha feito nenhuma terapia, o neuro dizia que não precisava fazer fonoaudiologia, porque ir para a escolinha e conviver com outras crianças seria melhor. Fizemos isso, realmente ele gostava e, de repente, isso tudo ajudou na questão social dele,\"\" mas deveria ter nos indicado outras terapias. Aos 2 anos e meio, começaram a falar sobre pautas autistas, o Ítalo a
mava brincar com chaves de casa e andava de um lado para outro manuseando as chaves. Foi difícil receber uma notícia assim, que seu filho vai ter muitas dificuldades por tod
a vida, não é o que nós pais sonhamos para nossos filhos, mas eu senti certo alívio em ter uma resposta do por que desses atrasos. Então, pude pesquisar e correr atrás de tudo que pudesse dar uma qualidade de vida melhor para ele. Depois do diagnóstico, começou a correria com terapias, um período ia para escola regular, sempre foi muito carismático e, por onde passava, todos se encantavam por ele, os amiguinhos sempre ajudando, no outro período ia para terapias.
Recebi muitas críticas de alguns profissionais. Já perto de dar à luz ao meu segundo grande amor, o Otávio, chegaram a me perguntar se eu era louca por engravidar novamente sem saber o diagnóstico do Ítalo, isso nos deixava fica muito chateados, não é uma comentário
que se deve fazer, mas não me abalei, Deus sabe o que é melhor para nós, e assim foi. Otávio chegou para alegrar ainda mais nossas vidas e veio como um anjo que ajuda muito seu irmão. No dia que cheguei do hospital com o Otávio nos braços, o Ítalo por 2 dias me deixou preocupada. Ele olhava para o berço, via o irmão e chorava. Quando o Otávio chorava, o Ítalo chorava junto, a gente sempre conversando com ele e mostrando que era seu irmão e companheiro, ele foi se acalmando e aprendendo amar e cuidar do Tatá, é assim que o Ítalo chama o irmão. A relação entre os dois sempre foi tranquila, o Otávio sempre \"\"arteiro e o Ítalo mais tranquilo, com 11 meses o Otávio já subia em cima da mesa e o Ítalo
já queria copiar as bagunças do Tatá dele, aprenderam a dividir os brinquedos entre eles, dividiam até mesmo as chupetas, ehehe. Quando eu levava o Ítalo nas terapias, ele sempre ganhava um agrado no final da sessão e já pedia um a mais para levar para o irmão e todos achavam esse gesto, a coisa mais linda. Hoje, eu me orgulho muito desse amor entre eles, entre nós! Continuação em Breve…

OtávioShow

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